domingo, 4 de março de 2012

*O IMPORTANTE PAPEL DO IMIGRANTE

                          History of Poland - Shanghai Expo 2010 - (966-2010)



Ela é descrita muitas vezes como “Seio Familiar”. A famÍlia quase sempre é o lugar onde gostaríamos de estar. É para onde queremos ir depois de uma viagem, do trabalho ou de uma diversão. È chamada de ‘seio’ por que lembra a quase todos os seres humanos o seio da mãe, ou a proteção que ela forneceu um dia. Primeiro ela proveu um lugarzinho para o desenvolvimento da criança no interior de sua barriga. Depois cuidou de seu bebê, gastando muitos horas com ele na colo, fornecendo segurança, alimento e aprendizado.

 Na Declaração dos direitos da criança, da ONU, está a seguinte expressão:
"Reconhecimento que a criança, para o desenvolvimento completo e harmonioso de sua
personalidade, necessita de crescer no seio de uma família, em um ambiente de felicidade, amor e compreensão."
Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, Preâmbulo

É no seio da família que a pessoa desenvolve e completa o ciclo de socialização; por ele aprende a adquirir os valores sociais e a navegar entre as diferenças de comportamento.
É no seio familiar que se faz a transmissão de valores, costumes e tradições entre gerações.

O que é ‘família’?

. É um grupo de pessoas, ou um número de grupos domésticos ligados por descendência (demonstrada ou estipulada) a partir de um ancestral comum, matrimônio ou adoção. Nesse sentido o termo confunde-se com clã. Dentro de uma família existe sempre algum grau de parentesco. Membros de uma família costumam compartilhar do mesmo sobrenome, herdado dos ascendentes diretos. A família é unida por múltiplos laços capazes de manter os membros moralmente, materialmente e reciprocamente durante uma vida e durante as gerações.
Para SERRA (1999), a família tem como função primordial a de proteção, tendo sobretudo, potencialidades para dar apoio emocional para a resolução de problemas e conflitos, podendo formar uma barreira defensiva contra agressões externas. FALLON [et al.] (cit. por Idem) reforça ainda que, a família ajuda a manter a saúde física e mental do indivíduo, por constituir o maior recurso natural para lidar com situações potenciadoras de stress associadas à vida na comunidade.
Deste modo, “(...) a família constitui o primeiro, o mais fundante e o mais importante grupo social de toda a pessoa, bem como o seu quadro de referência, estabelecido através das relações e identificações que a criança criou durante o desenvolvimento” (VARA, 1996; p. 8), tornando-a na matriz da identidade.

E não é verdade que as peripécias, as brincadeiras, os acontecimentos mais marcantes de nossas vidas ocorreram quando éramos crianças? A maioria delas junto ao seio familiar. Outras muitas peripécias podem ter acontecidos com a companhia de tios e primos, quando nossos pais iam visitar nossos tios e tias e a criançada ia junto.

Isto certamente não é alguma coisa nova. As peripécias, as divertidas brincadeiras poderiam ser só em lugares diferentes, em situações diferentes. Por exemplo, como brincavam as crianças que viviam na Polônia na metade do século dezenove (1850)?


Os imigrantes poloneses começaram a vir para o Brasil em 1869, depois em 1872. No Navio Paschoal que aportou em Paranaguá em 1878 havia muitos adultos poloneses, mas havia muitas crianças pequenas, com menos de dez anos. Como brincavam no navio, numa viagem que poderia duram até uns quarenta dias? A visão infantil certamente era muitíssimo diferente da visão doas adultos. Elas sabiam que estava indo para um lugar que era o paraíso, como diziam seus pais, e como de fato esperavam seus pais. Teriam terra para plantar, casa para morar, uma nova pátria para viver.

Aquelas crianças viveram dias difíceis depois da chegada, pois suas famÍlias subiram a serra do mar (100 Km) até CuritIba em carroças. Brincavam, mas certamente passaram maus bocados. Depois de chegarem em Curitiba,  foram encaminhados para um lugar que seria chamado Colônia Muricy.

Agora teriam que observar seus pais cortando mato, derrubando árvores gigantes que seus pais nunca tinham visto na vida, Araucárias, para construir casas. Mas o clima não era frio como era na Polônia. Certamente havia dias em que seus pais brincavam com elas, mas podiam sentir em suas mãos os calos produzidos pelo árduo trabalho de limpar o solo, plantar e colher o alimento.Seus pais aprenderam a lidar com tudo diferente, aprenderam a ver a metereologia com seus olhos, as épocas de plantio e colheita. Desenvolveram ferramentas e máquinas para trabalhar.

A vida passou e chegou o tempo em que as mesmas crianças tinham suas familias e precisavam cuidar de seus pais idosos.
Hoje, estas crianças já faleceram. Viveram uma vida plena, muitos 80, 90 e até 100 anos. Numa terra boa. Aliás eles mudaram o modo de viver de toda região e pode-se dizer que, junto com imigrantes de outras nações, mudaram o rumo do país inteiro.

Pense, uma criança cresce, casa, tem filhos, seus filhos tem filhos e já estamos vivendo a sexta ou sétima geração depois que chegaram nossos ancestrais. E poucos casais se tornaram milhares de descendentes.
 Porque uma casal com filhos em uma moradia confortável é chamada de “seio familiar”. Foi o que nossos primeiros pais imigrantes procuravam, um lugar para que eles, e especialmente seus filhos e descendentes tivessem a possibilidade de serem felizes.

Imagine, muitos ‘Kieltyka’ permaneceram na polônia. A polônia estava no foco de disputas territoriais pelas nações vizinhas, estavam sob jugo opressor deles por muitos séculos. Também, a Polônia ficou no foco de duas guerras mundiais.
 Na lista dos que foram mortos em  Aushwitz aparece este nome Kieltyka. No fim da guerra, em pobreza total e traumas emocionais, nossos parentes foram encaminhados para outros países como Austrália, o que foi excelente para seus descendentes. Muitos outros permaneceram e seus descendentes estão até hoje, na  Polônia e em países vizinhos.

Nossos pais imigrantes merecem nosso respeito. Pelo que sofreram, pela decisão acertada (para nossa felicidade hoje). Pela coragem. Mulheres grávidas, com bebês no colo, sem saber o destino, sem poder voltar. Pelo trabalho árduo de preparar novo lugar, nova vila, novas casas, novos móveis, novas roupas, alimentos, . . .  
Mas, na verdade, nós nem sabemos seus nomes direito!!!

Graças ao apego ao "seio familiar", estas famílias mantiveram um núcleo de proteção, juntos enfrentaram tudo. Ao ver o nome de cada um deles, lembre-se de que se trata de muito mais do que um nome de alguém que já se foi. Cada um deles foi uma pessoa especial para alguém que viveu perto. Especial para membros de sua família, importante para parentes, amigos e para a sociedade. Importantes para a nossa existência, mesmo que nem tenhamos conhecido e talvez sequer saibamos seu nome . . .

Este site não é só para tomarmos conhecimento de nomes de antepassados, ou conhecer nosso primos.
É para que possamos entender melhor tudo o que está envolvido na palavra “Imigrantes”.
O que passaram e que bem fizeram a nós até hoje.

Tenho forte impressão que isto nos dará razões para,  não importa que situação estejamos na vida,  nos sentirmos felizes com o que temos, muito ou pouco, de vivermos num país livre, onde podemos trabalhar e receber as recompensas disto. Um lugar onde poderemos zelar pelos nossos filhos, e netos, e os filhos depois deles.

Os “Imigrantes” aqui citados se referem aos ‘Kieltyka’, mas também aos ‘Toczek’, Majczak, aos ‘Jekot’, aos ‘Catapan’, aos ‘Haluch’ e todas as famílias polonesas que enfrentaram com coragem tudo o que faz o significado da palavra Imigrante.

Nilson Fernando Kieuteka



referências



Em 1795 o território polonês foi invadido, ocupado e desmembrado entre Prússia, Rússia e Áustria. A Polônia está riscada do mapa das nações independentes.
Após a famosa batalha de Leipzig (1813), em que os prussianos e seus aliados: austríacos, russos e suecos, destroçaram o aguerrido exército de Napoleão Bonaparte, a Prússia tornou-se uma das mais importantes potências da Europa. O rei prussiano, Frederico Guilherme III, no desejo de manter a paz e a ordem dentro dos limites do seu reino, quis governar com brandura o anexado território polonês. Criou-se, pois, o “Grande Ducado de Posnânia”, outogrando-lhes direitos de certa autonomia. Permitiu o uso da língua polonesa e o funcionamento das escolas polonesas. Essa trégua, porém, teve efêmera duração. Em conseqüência dos malogrados levantes de 1830, 1848 e 1863, os poloneses perderam sua relativa autonomia (10).
O domínio do reino prussiano, do lado oriental, abrangia, em 1863, a região polonesa de Posnânia, Pomerânia e parte da Silésia. Tencionavam os prussianos incorporar, definitivamente, ao seu território toda aquela região, que durantes muitos séculos tinha sido parte integrante da Polônia. Para alcançarem tal objetivo, precisavam, antes de tudo, germanizar os seus súditos poloneses. A tarefa da assimilação de aproximadamente 4 milhões de indômitos poloneses exigia um processo metódico e a longo prazo. Em plano prioritário, foi criada a tal “Comissão Colonizadora”, cuja meta principal era obrigar os poloneses, a venderem suas propriedades aos prussianos. A seguir, organizou-se a chamada “luta agrária”, com a finalidade de arrancar das mãos de proprietários poloneses as terras que eles vinham ocupando desde tempos imemoriais. As terras eram confiscadas aos agricultores que se obstinassem a não vendê-las. Com base nessa lei desumana, os agricultores eram esbulhados das suas terras e casas, e substituídos por intrusos lavradores prussianos. Banidos das suas propriedades, os poloneses tinham a proibição de construir novas residências sem a prévia licença das autoridades prussianas (8).

O processo de germanização dos poloneses por parte dos prussianos recrudesceu com o lançamento do malfadado “Kulturkampf” do autoritário chancelar Otto Von Bismarck. Na década de 1870 foi, severamente, proibido o uso da língua polonesa nas escolas, nas igrejas, nas repartições públicas e em todos os atos oficiais. Ademais, aos poloneses foi interditado o acesso a qualquer cargo público. Os prussianos empenharam-se, ainda, em germanizar os nomes poloneses de cidades, vilas, aldeias, praças, ruas, lagos, montanhas,…
De 1875 a 1900, mais de 20 mil emigrantes poloneses deixaram o território prussiano com destino aos países norte e sul americanos. Esse número, porém, foi aumentando até o começo da primeira guerra mundial. Nos países de destino, os poloneses eram registrados não como imigrantes poloneses, mas como prussianos. (http://www.danusia.com.br/1875-razoes-para-sair-da-polonia/)

Nada menos do que 40 mil poloneses lá chegaram entre 1870 e 1914, fazendo do Paraná o estado que mais recebeu imigrantes desse grupo.

 

próxima:
 2-RESUMO DA HISTÓRIA
Um resumo dos nomes dos imigrantes

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