sábado, 3 de março de 2012

*SITUAÇÃO NA POLÕNIA ANTES DA EMIGRAÇÃO


Como viviam nossos antepassados antes de virem para o Brasil?
Qual era a situação politica do país?
Quem pagou a viagem de navio?
Qual era o clima de partida entre as familias que viajariam e as que ficariam?
O que falavam em suas cartas depois de chegarem no Brasil?

A Polônia (século XIV ao XX)
 Durante a Segunda metade do século XIV a Polônia passa ter algumas características que a diferem das outras nações européias, principalmente no que diz respeito a não existência de um governo absolutista. Com a morte do rei Casimiro III em 1370, termina um período de apogeu da política e cultura polonesa. O título real passou para Luís de Anjou, rei da Hungria, que para poder confirmar os poderes de sucessão do trono polaco para sua filha Jadwiga em 1374, se vê obrigado a conceder privilégios aos nobres poloneses, principalmente na cobrança de impostos. Com o casamento de Jadwiga com Jagiello, grão-duque da Lituânia, aconteceu a união entre os dois reinos, resultando na formação de um grande território, que englobava até mesmo as terras da Ucrânia, atingindo o Mar Negro, impondo sobre esta região uma dominação militar, transformando senhores locais em vassalos. O grande, porém, primitivo reino polonês tinha como grande representação a szlachta, nobreza polonesa, que passou a fazer a escolha dos reis estrangeiros que se sucederam no trono polonês. Os nobres passaram a ter mais poder que os reis, pois estes eram colocados e retirados do trono pela nobreza que em troca de apoio ao monarca ganhava cada vez mais privilégios. Ao longo do século XV, e principalmente com a guerra dos 13 anos, uma política de expansão territorial anexaria ainda a Prússia ocidental, a Ermlândia e a Prússia Oriental, tornando estas regiões feudos poloneses.
As terras do reino polonês estavam cada vez mais centradas nas mãos dos nobres, principalmente nas regiões adquiridas com a expansão territorial e na região da Ucrânia. A nobreza polonesa em seu favor, acabou criando principalmente a partir do final do século XV, leis cada vez mais severas ao campesinato polonês. A aldeia era a forma de organização deste campesinato dentro da grande propriedade, onde os lotes de terra destinados à agricultura de subsistência dos camponeses tinham sua área cada vez mais reduzida. Principalmente porque neste período a Polônia passou a ser o celeiro da Europa, então houve a necessidade de mais terra para a produção agrícola com finalidade comercial. No século XVI, novas leis eram criadas como as corvéias de até seis dias por semana, impondo um percentual de apenas dez porcento sobre a produção total ao wloka, polonês que produzia na terra do nobre. Calcula-se que entre os anos de 1600 a 1750 o valor da produção comercial dos grandes nobres tenha triplicado, dos pequenos nobres tenha duplicado e dos camponeses decaído. Porém estes lucros não foram produtivamente reinvestidos na modernidade da forma de produção, utilizando formas arcaicas e por conseqüência, produzindo índices de rendimento pouco elevados. Uma política de elevação dos preços dos produtos manufaturados, e uma valorização de produtos industrializados estrangeiros enfraqueciam a indústria interna, impedindo desta forma um êxodo do camponês para as cidades. Os latifúndios, principalmente no leste e sudeste, passaram a ser cada vez maiores - o chanceler João Zomoyski ra senhor de 800 mil hectares, exercia jurisdição sobre umas oitenta cidades e oitocentas aldeias, a família Potocki possuía na Ucrânia cerca de 1 milhão e 200 mil hectares.
A Polônia era um grande território formado por diversos povos, que apesar de em sua maioria serem eslavos, tinham línguas e culturas diferentes, o que dificultava a idéia de se formar uma nação polonesa. Se imaginarmos ainda a intenção da nobreza em sempre buscar interesses próprios, a segurança contra ataques de países vizinhos acabou não acontecendo. A Polônia tornou-se grande, com uma econômica baseada na agricultura, porém, militarmente fragilizada, o que contribuiu para diversas invasões e revoltas internas. No século XVIII o território polonês acabou sofrendo três partilhas, entre a Rússia, a Prússia e o Império Austro-Húngaro, fazendo o 
país desaparecer por completo, ressurgindo somente após o fim da Primeira Guerra Mundial em 1918. É neste cenário de não existência da Polônia que acontece a grande imigração polonesa para a América. 
http://anpuh.org/anais/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S23.0936.pdf


MIGRAÇÃO POLONESA NO BRASIL

WENCZENOVICZ, Thaís Janaina


Considerações Iniciais

Tentar apresentar razões explicativas que justificam o deslocamento de milhares de seres de um continente para outro não pressupõe uma resposta imediata e simples. Implicação ainda maior quando se apresenta como autores centrais desta trama os imigrantes poloneses. O ano de 1875 é apresentado em maior número de fontes como data de chegada deste grupo. Sabe-se que tanto o Brasil, como a Polônia estavam dispostos a efetivar este grande movimento humano chamado imigração.
Objetiva-se neste texto apresentar motivos que contribuíram para esse deslocamento, a viagem além-mar, os aspectos legais da imigração, o estabelecimento em solo nacional e estadual, as relações sociais e econômicas, bem como as vicissitudes que envolveram esse complexo processo no decorrer do século XIX e XX, tendo como personagens centrais os poloneses.


1.0 Falando em Imigração
Desde os primórdios da humanidade, o homem tem migrado continuamente por motivos econômicos, naturais, políticos e sociais. Em lei de 1882, o governo imperial brasileiro autorizou a venda das terras públicas estaduais a particulares, sob compromisso de que promovessem a colonização. Nas últimas décadas do século XIX o Brasil encaminhava-se para a abolição da escravidão e os grandes cafeicultores preocupavam-se com o espectro da falta de mão-de-obra em suas fazendas. Sendo o café o principal produto da economia nacional, seriam grandes os reflexos negativos de tal medida. A política imigratória foi a solução adotada pelo poder político brasileiro. Esta possuía três objetivos básicos:
substituição da mão-de-obra escrava pela mão-de-obra livre, num momento em que ocorria expansão do capitalismo a nível mundial;
povoamento e colonização de áreas ainda virgens, com a possibilidade de surgimento de núcleos de pequenos proprietários agrícolas;
diversificação da estrutura produtora que contribuísse para o abastecimento interno do país e amenizasse o desnível da balança comercial causado pelo grande peso das importações de alimentos.
Com a República, proclamada em 15 de novembro de 1889, as terras devolutas passaram à propriedade e domínio dos Estados da Federação, de acordo com o artigo 64 da Constituição Federativa de 1891. Em decorrência deste fato, a colonização e imigração passam à competência dos governos estaduais, agora regidos por Constituição própria, em regime de Federação. No Rio Grande do Sul, a legislação base foi a Lei n.º 28, de 5 de outubro de 1899, sobre “Terras Públicas, Colonização e Florestas” e o Regulamento aprovado pelo Decreto n.º 313, de 4 de julho de 1900.
O fato de que os Estados e a União subsidiariam e assumiriam conjuntamente a empresa de imigração e colonização oficial, acarretava atritos e dificuldades ao poder público em vários momentos. Por essas e outras razões, o governo do Estado do Rio Grande do Sul rompeu, em 1914, seu acordo com a União, pondo fim à imigração oficial subsidiada no Estado (Decreto n.º 2. 098, de 13 de julho de 1914 ).

2.0 Polônia, Poloneses e Recrutadores
As razões da emigração polonesa foram diversas e profundas. No século XIX, à semelhança de outros países europeus, a Polônia vivia grave crise econômica, política e social, que obrigou a que milhares de indivíduos viajassem para o Novo Mundo.
Dentre as principais razões do movimento migratório, pode-se citar o excesso de mão-de-obra nas aldeias e vilas, o elevado crescimento demográfico, a falta de terras para as novas gerações, a ausência de legislação agrária, o êxodo rural para os centros industriais devido à mecanização rural, perseguições políticas e religiosas. Sem dúvida, a grande razão da imigração foi a possibilidade de imigrar para uma nação onde fosse possível tornar-se proprietário de terra.
Acresce-se também a ação dos propagandistas e recrutadores de imigrantes que foram conhecidos como “agentes recrutadores”. Estes espalharam-se pelas diversas regiões da Polônia, com a finalidade de entusiasmarem a população a emigrar. Espalharam-se artigos, livretos, brochuras e comunicados sobre as excepcionais condições oferecidas pelo Brasil.
Na Polônia, como assinalado, tais agentes encontraram campo propício de trabalho, devido aos inúmeros problemas econômicos, políticos - três partilhas territoriais -, e sociais em que vivia a população polonesa da época. O reino da Polônia e a Galícia foram as regiões que mais sentiram o efeito da atuação dos agentes recrutadores.
Na Polônia era quase inviável tornar-se proprietário de terra. Nos séculos XVIII e XIX, o poder político e econômico estava nas mãos da nobreza. A pequena e média burguesia progredia com dificuldade, enquanto a alta burguesia, ligada à alta nobreza, acelerava o passo, sem questionar a estrutura vigente. “O camponês polonês, tanto sob o domínio prussiano como sob os outros domínios, vivia num sistema social altamente hierarquizado. Numa aldeia as classes sociais eram nítidas e sua mobilidade muito hierarquizada.” (WACHOVICZ, 1974: 86). Obrigado a arrendar a terra, o camponês cedia grande parte do seu trabalho como renda.


2.1 Polônia: produção econômica e a terra
Num contexto que bloqueava a ascensão social de diversos segmentos, o camponês era visto e tido como simples força braçal, geradora de trabalho. Seu alheamento a quase tudo que se encontrava situado fora de sua aldeia e arredores – okolica, apoiado pela aristocracia e pelo clero, dificultava-lhe a luta pela imposição da divisão da terra e de leis agrárias.
Geralmente viviam numa comunidade semi-feudal, com raras oportunidades de pertencer a quaisquer outras instituições sociais. A comuna e a paróquia eram o seu mundo. Sua participação na primeira era muito limitada. Medidas restritivas do governo faziam com que sua participação na administração comunal fosse à de espectador passivo. (WACHOVICZ, 1974: 86).
Também o pequeno proprietário via-se em grande dificuldade. “Na área econômica, a situação dos poloneses tornara-se ainda mais cruciante. Os impostos prediais e territoriais eram tão pesados que os proprietários não tinham com o que pagar e, para não caírem na prisão, eram forçados a vender suas reduzidas propriedades.” (STAWINSKI, 1976: 15). Durante dezenas de anos, a economia polonesa alicerçou-se na agricultura, com destaque para alguns produtos básicos, como a batata, o centeio e o trigo. A Posmânia e a Pomerânia Ocidental eram bons exemplos: tratava-se de regiões essencialmente agrícolas, com um número incipiente de indústrias.
O caráter agrário da Polônia e a carência de terra explicam o fato de a imensa maioria dos poloneses que partiram para o Brasil ser camponesa. “O camponês, ávido por terra, da qual tirava seu sustento, vem procurá-la onde ela existe em abundância, na América. Esta é a grande aspiração dos que preferem o Brasil como seu novo habitat. Noventa por cento dos que vieram para este país são agricultores.” (WACHOVICZ, 1974: 27).


http://twencze.blogspot.com.br/2009/07/imigracao-polonesa-no-brasil.html





Quando a imigração polonesa começou no Brasil, não existia mais o Estado Polonês na Europa, somente a nação. A Polônia, após ter sido um dos maiores países europeus nos séculos dezesseis e dezessete, foi invadido no século dezoito pelos seus três poderosos vizinhos, Rússia, Áustria e Prússia. Devido afalta de terra para plantar e os maus tratos sofridos, os poloneses começaram a emigrar.
A parte ocupada pelos Prussianos compreendeu a Pomerânia e a Silésia. Foram destas regiões que partiram os primeiros contingentes imigratórios. As causas principais foram as duras perseguições impostas aos poloneses pelos invasores germânicos, como a Proibição da língua polonesa nas escolas primárias, normais e secundárias, Campanha sistemática para a "despolonização" dos nomes de acidentes geográficos, ruas, praças e até nomes e sobrenomes de pessoas. Proibição para os padres católicos proferirem sermões em língua polonesa, Forte censura na imprensa polonesa e Venda obrigatória das terras agrícolas dos poloneses. Essa campanha pela despolonização da população foi denominada de Kulturkampf.
Os Russos, por sua vez, ocuparam a maior parte central e Leste das terras polonesas e da mesma forma impuseram drásticas medidas para apagar qualquer traço polonês na face da terra. As medidas draconianas previam: Proibição do idioma polonês nos atos oficiais, Perseguição na igreja católica e imposição da igreja ortodoxa, Proibição do idioma polonês nas escolas e também a Proibição aos poloneses de ocuparem cargos na administração publica.
Habitada pelos eslavos em tempos remotos, a região é ocupada pela Áustria-Hungria na Primeira Guerra Mundial e declara sua independência em 1918. Em 19[1]39, a área é invadida pela URSS e pela Alemanha, que dividem o país ao meio (com a implementação do "corredor polonês"). Cerca de seis milhões de cidadãos poloneses são mortos durante a Segunda Guerra, a metade deles judeus. Com o fim da guerra, a Polônia é agregada ao bloco de influência soviética. Durante esse período, o país passa por momentos conturbados e consideráveis obscuros. Inúmeras revoltas agrícolas são levadas a cabo e líderes religiosos são presos e assassinados. Com os primeiros indícios da iminente derrocada soviética, no final da década de 80, a oposição fortifica-se e, em 1990, Lech Walesa, líder do partido Solidariedade, chega ao poder.Finalmente, os austríacos foram um pouco menos duros. O Império Austro-Húngaro foi obrigado a fazer concessões para as nacionalidades que viviam em terras polonesas. O Tratado de Viena renomeou a região para o nome de Galícia e a transformou numas das regiões mais pobres e de maior atraso e estagnação do Império. Essa política de repressão comandada em conjunto pelos invasores causou enorme sentimento de revolta. Nos anos de 1830, 1864 e 1905 ocorreram violentas revoluções em solo polonês contra o domínio invasor.


Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/a-imigracao-polonesa-no-parana/5777/#ixzz24c9yxKaC


Cartas
“Partiam atordoados. Libertava-se da penúria, da opressão, da perseguição. Aliciados e iludidos, demandavam o além-mar. Que poderia resistir a tentação?”. Todos tinham casos com o senhorio, com o gendarme, com a caterva de vivaldinos. Os que possuíam coração, os que amavam a Mãe-Terra enxugavam as lágrimas e partiam em busca de areias cintilantes, para do retorno atirá-las aos olhos do inimigo e cegar os tiranos. Abandonavam searas de trigo. Tentados, aventuravam melhor sorte. Sonhavam com minas de prata, árvores leiteiras, frutas-pão, maná em desertos."

Assim Romão Wachowicz inicia sua história Homens da Terra (Curitiba, 1997), sobre a sorte de uma família de emigrantes poloneses no Brasil, constituindo, ao mesmo tempo, a história dos destinos de dezenas de milhares de outras famílias, que, através de décadas, a partir de 1870, co-criaram o Brasil meridional, e, hoje em dia, por intermédio de seus descendentes, co-decidem da sorte do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Os imigrantes que chegavam ao Brasil eram, em sua maioria (95%), camponeses. O Império Russo, ao contrário da Prússia, não lhes permitia emigrar. Para partir, às vezes mesmo para alcançar os portos de Bremen e de Hamburgo na Prússia, eles necessitavam de dinheiro e de um passaporte que só obteriam das autoridades da Prússia, o que os obrigava a emigrar como alemães. Diante dessas dificuldades, após a chegada ao Brasil, dinheiro e documentos eram reenviados aos familiares, realimentando o fluxo migratório. Ao lado desses últimos, outro tipo de documento que atravessava o Atlântico eram as cartas. Alguns fatos incomuns envolvendo essa correspondência merecem nossa atenção.


Embora nem todos os imigrantes soubessem ou estivessem habituados a escrever, o fato é que as cartas se tornaram o único meio de comunicação entre familiares ou amigos e, por isso, foram numerosas. Mas isso seria difícil de provar hoje se não fosse uma prática trabalhosa e, finalmente, pouco eficaz, utilizada pelo Império Russo. Em sua tentativa de impedir a partida em massa, as autoridades czaristas instituíram uma engenhosa prática de triagem, apreensão ou censura da correspondência trocada entre membros de famílias separadas pela emigração. Acreditaram que o rompimento da comunicação frearia o ímpeto emigratório. Em consequência, milhares de cartas enviadas de diferentes países acabaram nas Atas das chancelarias czaristas, sendo recuperadas posteriormente e guardadas no Arquivo Público polonês. Infelizmente, somente uma pequena amostra dessas cartas, 250, foi salva do fogo que se alastrou por Varsóvia quando da insurreição de 1944. Do lote salvo, 60 cartas, chegadas na Polônia entre 1890 e 1891, foram enviadas do Brasil, em particular do Paraná.
Tendo analisado o conteúdo dessas cartas, Kula (1977) nos informa que o tom geral é de otimismo. Segundo esse autor, o objeto da censura eram as cartas que traziam boas novas, enquanto aquelas que traziam más notícias, ou relatos sobre as dificuldades que enfrentavam os emigrantes, eram entregues aos seus destinatários.26 Os relatos de Hempel (1973) confirmam essa tese, porque os testemunhos que ele pôde recolher quando de sua estada no Brasil atestam um grande número de dificuldades - desde os maus tratos quando da chegada à ilha das Flores27 até as doenças, sobretudo o cólera, e o falecimento das crianças, em virtude das péssimas condições de higiene - suportadas nas moradias de baixa qualidade no Paraná e em Santa Catarina onde estiveram inicialmente à espera da demarcação dos lotes.

As cartas "otimistas", normalmente endereçadas aos membros das famílias, frequentemente começavam pela evocação religiosa associada ao estado de saúde do remetente: "Estou com saúde graças a Deus todo Poderoso". Numa ou noutra carta, lê-se a descrição dos cultos, a referência aos padres e às igrejas em madeira. As cartas frequentemente terminavam indicando o endereço do remetente, de fato o nome da colônia onde se encontrava. Em relação aos temas principais, as cartas descreviam as casas e as terras, desde sua fertilidade, passando pela riqueza e diversidade dos bosques (de onde os imigrantes retiravam livremente a madeira necessária à construção de suas casas), até a beleza das paisagens, da vegetação e da fauna, sobretudo os passarinhos. O clima, sobretudo a suavidade do inverno, tinha lugar de destaque. Há muitas passagens sobre o tamanho das propriedades que lhes era demarcada, sendo afirmado que não havia a necessidade imediata de contrapartida em termos de trabalho ou dinheiro. A vida social não era esquecida. A ordem pública vinha em primeiro lugar. Em seguida, a harmonia das relações sociais (inclusive com os ex-escravos), a liberdade, a ausência de "senhores", o respeito com o qual as elites os tratavam e o fato de não necessitarem pagar impostos. Originários de regiões recém-egressas da servidão, as relações sociais "igualitárias", fato surpreendente num país marcado pela escravidão, foram especialmente notadas. Em resumo, o tom era realmente positivo e a situação geral era descrita como boa, por vezes melhor mesmo do que nos territórios ocupados, confirmando a tese da censura das "cartas otimistas".
Eis alguns trechos das cartas (Cartas): “Estou muito melhor do que na Polônia, somente pelo fato de não estar submisso a nenhum senhor” (carta 5); “Querido irmão comunico-te que no Brasil é bom e ficaria satisfeito se você viesse para junto de nós no Brasil, porque aqui nós não temos miséria. Venda sua propriedade e traga consigo o dinheiro porque no Brasil é bom” (carta 44). Não faltam também as cartas que falam sobre os problemas e dificuldades, mas prevalece a fé de que o trabalho dará o seu fruto: “Só é necessário saúde para trabalhar e em breve teremos um pedaço de pão” (carta 76).




PRÓXIMA:
11-MEMÓRIAS E PERIPÉCIAS
Nos lembre de coisas boas que aconteceram com nossa família no passado.

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